Internet 1.0 e Web1 (1980 a 2004)
A primeira geração da internet é caracterizada pela internet estática, onde os conteúdos não podem ser alterados pelos usuários. Todo o conteúdo das páginas é “somente leitura”. Ainda não havia interatividade dos usuários com as páginas.
Na Web1, apenas os programadores e donos dos servidores fazem alterações e edições no conteúdo, o usuário apenas lê a página e consome o conteúdo que encontra pronto. Essas foram as primeiras páginas da internet.
Internet 2.0 e Web2 (2004 a 2022).
Na segunda geração, temos a chamada internet dinâmica. Ou seja, ela passa a oferecer possibilidades de participação e interação do usuário final com a estrutura e o conteúdo das páginas.
Essa perspectiva evolucionista da internet foi fomentada pela criação do termo web2, em 1999, por Darcy DiNucci e, posteriormente, difundido por Tim O’Reilly.
Na Web2, podemos postar comentários, criar perfis, enviar imagens, compartilhar arquivos, editar páginas e fazer muitas outras coisas que a Web1 não permitia. Essa é uma Web mais participativa e colaborativa, baseada na ideia de “internet como plataforma”. As redes sociais são um marco desta geração da internet, na qual os conteúdos são centralizados pelas plataformas (e, portanto, não são de propriedade dos usuários que os produzem).
Internet 3.0 e Web3 (presente ou futuro?)
Em primeiro lugar, devemos esclarecer que existem diferentes conceitos de internet que muitas vezes são encaixados dentro de definições mais genéricas de Web3 (ou de internet 3.0), como internet semântica, internet conectiva ou internet descentralizada.
A web3 é um conceito em construção. Ninguém ainda sabe ao certo como será a internet do futuro. O próprio conceito nos coloca diante da visualização de um futuro difícil de ser formulada com assertividade.
É nítido, porém, que em nossas vidas, iremos interagir cada vez mais com dispositivos conectados entre si e com o nosso corpo (o celular “de bolso” é um ótimo exemplo).
Bandas de rede mais largas (5g e 6g) e uma maior proximidade dos servidores (Edge Computing , Distributed Ledger System) permitirão experiências mais imersivas. Inteligência artificial (IA) e Machine Learning irão criar experiências de usuário cada vez mais customizadas e personalizadas, enquanto Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR), Realidade Estendida (XR), realidade mista (MR) e Internet das Coisas (IoT) integrarão o mundo real e o virtual, um como extensão do outro.
Isso acarretará um impacto profundo nos fundamentos da sociedade e em diversas esferas de nossas vidas cotidianas, desde a economia, as leis, a política e a educação, até o sistema sociocultural como um todo, incluindo-se aí o conceito de soberania que rege atualmente as relações entre os estados.
O bitcoin constitui uma das primeiras soluções nativas e bem sucedidas da web3, instituindo o conceito de digitalização das finanças como pedra angular desse novo ecossistema. Contudo, as tecnologias de registros e bases de dados distribuídas ou descentralizadas, inicialmente utilizadas na criação do Bitcoin, a primeira criptomoeda e a primeira blockchain, se estenderam para muito além dos investimentos em cripto ativos, encontrando penetração nas principais indústrias do mercado nos dias de hoje.
Há ainda alguma indeterminação em torno do conceito Web3, e alguma incerteza a respeito do prazo para implementação de uma tal revolução. A Web 3 não está pronta ou finalizada, mas sendo construída. De todo modo, não há oposição entre esses termos, mas sim complementaridade.
A internet 3.0 é uma evolução da 2.0, que tem o intuito de modificar as ferramentas de pesquisa e localização, para agilizar as buscas e facilitar a vida do usuário, suprindo as necessidades dos novos tempos e incrementando a interatividade entre humanos e máquinas com linguagens de programação integradas e melhoradas. Também é chamada de “internet semântica”, pois integra, em uma mesma interface, dois tipos de páginas diferentes, uma destinada a ser lida por pessoas e a outra destinada a ser lida por máquinas ou softwares próprios.
A internet 3.0 ainda é apenas um conceito (conforme a definição de Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web), chegando à fase final de desenvolvimento e entrando em fase inicial de aplicação.
A Web3, conhecida como a Internet Descentralizada, é uma ideia para uma nova iteração da World Wide Web, fundamentada na tecnologia blockchain e nas economias baseadas em tokens (cripto ativos). Na Web 1 e 2, os dados e o conteúdo são centralizados em servidores controlados por um pequeno grupo de empresas (costumeiramente chamados de “Big Tech”). O termo Web3 foi cunhado pelo fundador da Polkadot e cofundador da Ethereum, Gavin Wood, em 2014, referindo-se a um “ecossistema online descentralizado baseado em blockchain”.
A ideia de Web3 passa a ganhar mais interesse e popularidade a partir de 2021, devido ao interesse de entusiastas de criptomoedas e investimentos de tecnológico, as grandes empresas de tecnologia e as empresas de capital de risco. Alguns especialistas argumentam que a Web3 fornecerá maior segurança de dados, escalabilidade e privacidade para os usuários, descentralizando a produção, emissão e a recepção da informação.
Talvez o mais correto seria falar que já temos experiências Web3, mas ainda estamos na Web2, por isso, não é incomum ouvirmos brincadeiras do tipo, “Afinal, onde estamos? Web2 ou Web3? Nem uma, nem outra. Estamos na Web 2.5”.
Na Web3, todos somos produtores e consumidores de conteúdo, servidores e navegadores ao mesmo tempo, interagindo diretamente de ponto a ponto sem a necessidade de intermediários ou de servidores centrais.
Essas mudanças darão aos usuários mais poder sobre a informação que produzem, fornecem e consomem, criando uma internet em teoria mais livre e igualitária, que ofrece mais segurança aos dados, maior escalabilidade para o sistema e privacidade para os usuários, combatendo a influência e a hegemonia das Big Techs.
Seja como for, ainda não existe uma definição única que contemple de forma sintética todas as possibilidades e recursos que orbitam todo esse ecossistema de inovações. A web3, nessa perspectiva, aparece como um grande guarda-chuva para projetos inovadores e tecnologias disruptivas que, a qualquer momento, podem convergir.
O mais importante é, queremos ficar de fora ou participar dessa revolução, nos manter excluídos ou ser parte do movimento que agora se desenha, exercendo influência direta sobre a construção dos rumos do futuro da internet e os caminhos da internet do futuro.